sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


«Obama respondeu ao pior momento da sua presidência com uma alocução a fazer lembrar os tempos de campanha eleitoral. No seu primeiro discurso do estado da União, o Presidente declarou guerra ao desemprego, ameaçou controlar as contas à força e depois disparou contra os lobistas, que sabotam as reformas, e os republicanos, que só sabem "dizer que não".


Foi um Barack Obama a fazer lembrar os tempos de campanha que ontem foi ao Congresso virar a página da presidência. Diante de democratas e republicanos, o homem que prometeu mudar a América colocou-se do lado do povo para atacar lobistas e banqueiros, e declarar guerra ao desemprego.

Num discurso de 70 minutos, que deixou 30 milhões de americanos colados à televisão, o Presidente exigiu que a lei de incentivo ao emprego chegue "à sua secretária sem demora" e prometeu congelar as despesas públicas durante três anos, nem que para isso tenha de usar do poder de veto contra o Congresso.

Uma semana depois da humilhante derrota no Massachusetts, Obama pediu uma nova oportunidade para mudar a América: "Passámos uma década difícil. Mas temos uma nova década à nossa frente. Eu não desisto. Vamos começar de novo." Com a popularidade em queda, irritou-se nas críticas aos lobistas que tentam "sabotar"a reforma da saúde e a regulação do sistema financeiro. Num tom populista, criticou o veredicto do Supremo Tribunal que elimina os limites no financiamento das empresas a candidatos: "As eleições na América não devem ser decididas por grupos de interesse mais poderosos, ou pior, por estrangeiros."

A oposição republicana também não passou incólume. Obama desafiou os conservadores "a pararem de dizer que não" e exigiu uma nova era de bipartidarismo. "Se insistem que são precisos 60 votos para fazer o que quer que seja nesta cidade, então partilham a responsabilidade de governar."

Não fugiu ao tema do combate ao aquecimento global e muito menos deu como perdida a reforma da saúde. "Não deixem cair essa reforma. Não agora, que estamos tão perto." Mas a economia foi o centro das atenções: "Um em cada dez americanos não consegue arranjar trabalho. Muitos negócios fecharam. Sei quais são os problemas das pessoas. Foi para os resolver que corri para Presidente."

Obama falou pouco de terrorismo, depois de ter assumido a responsabilidade pela tentativa de atentado num avião no Natal. A pensar na sua base liberal de apoio, defendeu a revogação da lei que fecha as portas do exército aos homossexuais. A política externa também foi relegada para segundo plano. Reclamou os louros da retirada do Iraque, defendeu o reforço da guerra no Afeganistão.

Os republicanos, que por várias vezes aplaudiram o Presidente na sala, não calaram as críticas à saída. Bob McDonnel, governador da Virgínia, disse que o congelamento da despesa é muito pouco. E John McCain, adversário de Obama na eleição de 2008, ficou surpreendido por o Presidente não abdicar da reforma da saúde. "Pensava que ele ia dizer 'Olhem, eu percebi a mensagem do Massachusetts , vamos começar do zero'. Isso teria passado o fardo para as nossas mãos.".» (Fonte:DN)

Comentário: Barack Obama mostrou a força e a garra que lhe era característica na época em que se candidata a presidência; deu confiança aos norte-americanos e deixou as suas estratégias muito bem definidas. Quer lutar do lado do povo (que de facto são quem mais precisa) e não abdica das suas promessas, sobretudo a da reforma da saúde, que tem dado muito que falar e que diverge as opiniões de democratas e republicanos. Mostrou-se disposto a fazer todos os sacrifícios pelo país e chegou mesmo a ameaçar utilizar o seu direito de veto para que consiga levar as suas decisões a bom porto. Apelou aos republicanos que deixassem de “dizer que não” de forma a unirem-se pelo bem de todos. Obama foi corajoso e disparou criticas em todas as direcções, que esperamos nós que dêem alguma resultado. Um presidente “populista” que continua firme na sua promessa de mudar os EUA e que afirmou não desistir, pedindo para que se comece de novo para ultrapassar mais uma década combatendo o desemprego, reformando a saúde e dando igualdade aos homossexuais para entrarem no exército. Foi um longo discurso de seguro e firme, que causou impacto em todo o país e que promete deixar marcas. A luta continua e este presidente que tem vindo a perder popularidade luta cada vez por aquilo em que acredita e por aquilo que prometeu ao seu povo. A força regressou aos EUA agora resta-nos esperar para ver se isto resulta em alguma coisa!

1 comentários:

Geopalavras disse...

Acho que este Homem ainda vai ter um papel na História.