terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Da "Obamania" à realidade


"As expectativas de mudança com a eleição de Barack Obama, que em Janeiro tomou posse como o primeiro Presidente negro dos EUA, deram lugar ao longo do ano à confrontação com uma realidade adversa e a alguns desânimos.


Na avaliação do primeiro ano do seu mandato, o Presidente norte-americano disse ter afastado a ameaça de uma "ruína económica", o que passou pela injecção de 787 mil milhões de dólares a três anos para combater a crise. Mas a mudança está a ser lenta e com o lastro de uma taxa de desemprego de dez por cento.

"Essa jornada eleitoral era de esperança porque tudo era possível", lembrou Obama no aniversário da sua eleição. "O trabalho continua" e os EUA vão na "boa direcção."

A bandeira eleitoral da reforma do sistema de saúde, abrangendo milhões de americanos sem protecção, foi aprovada pela Câmara dos Representantes, embora ainda falte a votação no Senado, com grande resistência dos Republicanos e até dentro do Partido Democrata.

Dois dias depois de chegar à Casa Branca, prometeu encerrar Guantanamo, mas o centro de detenção em Cuba continua aberto e nas mesmas circunstâncias jurídicas criticadas durante a administração Bush, havendo agora planos de aquisição de uma prisão em Illinois para acolher os suspeitos de terrorimo.

A guerra do Iraque, que marcou os mandatos do seu antecessor, deu lugar ao foco no Afeganistão, com os Taliban e a rede da Al-Qaida a minar a estabilidade no país e no Paquistão, levando Obama a anunciar um reforço de 30 mil efectivos, apesar de também ter anunciado uma retirada até Julho de 2011.

O Presidente que declara guerra aos extremistas islâmicos é também Nobel da Paz em início de mandato, com o comité a considerar que Obama desenvolveu "extraordinários esforços para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos", onde se incluirá um discurso na Universidade do Cairo, onde disse que os EUA e os muçulmanos devem procurar um novo começo, "fundado no interesse mútuo e no respeito mútuo".

O Presidente norte-americano lida com as ameaças do Irão no desenvolvimento de tecnologia nuclear, dando um ano para Teerão mostrar seriedade nas negociações, ao mesmo tempo que o conflito israelo-palestiniano permanece num impasse.

Obama é também o chefe de Estado que dá seguimento à redução dos "stocks" de armamento nuclear dos EUA e Rússia, país agora mais tranquilizado com o abandono do projecto norte-americano de um escudo antimíssil na Europa de Leste, que será substituído por um outro mais eficaz em relação à ameaça iraniana.

Nos altos e baixos do primeiro ano da mais esperada das administrações, Obama saiu de Copenhaga sem o acordo vinculativo que procurava para a cimeira sobre o clima, outra bandeira de ruptura em relação ao anterior Presidente.

No mesmo dia em que se tornou Nobel, e com a popularidade em perda, Obama foi reproduzido numa estátua na Indonésia, onde passou parte da sua infância.

Destina-se a "inspirar e a encorajar as crianças indonésias a realizarem os seus sonhos", explicou o presidente da organização que reuniu o dinheiro para o monumento." (Fonte:DN)

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