terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Copenhaga avança para negociações técnicas estimulada pelo anúncio americano

"As negociações técnicas começaram hoje no segundo dia da conferência climática de Copenhaga, estimuladas pelo anúncio da Agência de Protecção Ambiental norte-americana (EPA) sobre a possível regulação das emissões de gases com efeito de estufa.


Reunidos na capital dinamarquesa até 18 de Dezembro para concluir um acordo mundial de luta contra o aquecimento global, os representantes de 192 países começaram os seus trabalhos em sub-grupos dedicados a questões como o combate à desflorestação, o financiamento da adaptação às alterações climáticas ou ainda os mecanismos de verificação dos compromissos dos diferentes países.

“Durante os próximos três ou quatro dias, o exercício consistirá em desbravar terreno”, resumiu hoje um negociador ocidental.

O anúncio feito ontem à tarde pela EPA – de que as emissões de gases com efeito de estufa são responsáveis pelo aquecimento global e que constituem uma ameaça à saúde pública – foi saudado com satisfação em Copenhaga.

“Isso vai contribuir para persuadir os delegados e observadores de outros países de que os Estados Unidos estão determinados a utilizar todas as ferramentas à sua disposição”, comentou David Doniger, da organização não governamental americana National Resources Defense Council.

Para a organização internacional Greenpeace, esta decisão representa “um sinal importante” para a conferência de Copenhaga. Significa que “o Presidente (Barack Obama) pode agir, qualquer que seja a decisão do Congresso sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa”.

As reduções de emissões estão a ser negociadas à porta-fechada em numerosas salas do Bella Centre, centro de congressos que acolhe diariamente, até 18 de Dezembro, 15 mil pessoas, 3500 das quais jornalistas.

Ontem à noite, a chanceler alemã Angela Merkel apelou à China e à Índia para fazerem mais em matéria de redução de emissões, para permitir a conclusão de um acordo em Copenhaga. O objectivo da conferência “deve ser concluir um acordo internacional para limitar o aquecimento global aos dois graus em 2050”, afirmou Merkel à televisão pública ZDF.

“Todos devem fazer mais, sobretudo países como a China e a Índia que actualmente não aceitam este objectivo dos dois graus”, acrescentou.

A Alemanha e outros países da União Europeia já prometeram reduzir as emissões em 20 por cento até 2020, em relação aos níveis de 1990, e 30 por cento se outros países aceitarem fazer mais. “Mas não há país ou continente que, sozinho, possa salvar o clima. Precisamos de um novo esforço internacional”, adiantou.

Mas a urgência em agir pelo clima não se limita aos delegados reunidos no Bella Center. Por exemplo, à saída do Metro, ninguém passa sem um autocolante, distribuído por jovens dinamarqueses que agradecem aos passageiros “terem escolhido viajar de Metro e assim economizar 85 por cento de CO2”.

Por outro lado, são muitas as organizações não governamentais presentes em Copenhaga que vão continuar a promover as negociações naquela cidade e no coração do Bella Center, para aumentar a pressão sobre as delegações." (Fonte:Público)

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